sábado, 12 de abril de 2008

CARTA Á UM AMOR IMPOSSÍVEL....



Recebi tua oração.
E ainda sob o peso da emoção que me trouxe, eu te escrevo, surpreso, reavivando na minha lembrança esquecida certos traços sem cor de uma história perdida: falo dos muitos mas, que hoje me parecem poucos dias que passamos juntos...Tão longe agora estás! Quantos belos assuntos, a que eu não quis, nem soube mesmo dar valor, relembras com um estranho e desvelado amor...Tua oração é tão doce, me conforta, faz flutuar e é tão cheia de cores que, dir-se-ia que a escreveste com o mel que há nas flores, sobre o azul de um papel tão azul, que o papel faz a gente pensar num pedaço de céu! Impregnado nas folhas chegou até mim, um perfume sutil e agreste de jasmim e um pouco do ar sadio e puro de montanha! São tuas orações. Estranha a tua oração inesperada! Deixas nas minhas mãos a tua alma confiante, ante a revelação desse amor que atravessa o tempo e que agora me ilumina deslumbrante e abres teu coração, num gesto de ansiedade, sob a opressão cruel de uma imensa saudade. Dizes que só por mim tu vives, que a tristeza é a companheira fiel que tens por toda parte, e me falas assim com tamanha franqueza que eu nem sei o que dizer receando magoar-te! Não compreendo esse amor que revelas ainda sentir por mim, nem mereço a ternura e o enlevo sem fim de um só trecho sequer de tudo o que vivemos , por exemplo, de um trecho belo e bom, como este:"Teu olhar é o meu sol! Vivo agora da sua luz! E mesmo que esse amor seja como uma cruz para você é a minha fonte de existência aonde encontro-me; luz da luz é teu amor, eu o levarei comigo em meu itinerário no horizonte da paz! Sem ele não existo; e sem ti, meu destino será vazio, cruel, assim como o bronze de um sino que ficou mutilado e emudeceu seus sons. Quero ser tua sombra até quando tudo te abandonar na vida, e o frio encerrar teu corpo em paz eu ficarei contigo ao teu lado, sem medo e sozinho e eu descerei contigo, oh! meu único amor, para que os nossos corpos juntos, abraçados, fiquem na mesma terra ,em terra transformados! "Ore sempre sim...
Tarde demais... para mim. Bem me arrependo agora do amor que te inspirei, daquele amor de outrora que eu julgava um brinquedo a mais em minha vida e a quem davas tua alma inteira e irrefletida...Revivo a tua oração, e confesso que sinto ter que te falar sobre esse amor extinto, um prelúdio de amor que ficou sem enredo...Dizes que o que eu mandar, farás.. então viva ame a DEUS em tudo e ao próximo como a ti é a resposta para a vida aonde estou; o amor que se planta aí, quem não é portador dele não vive aqui...só se alguem em algum ponto aí me amar como tu me amas...pedoe-me de tudo...do fundo da minha existência te peço perdão se algo te fiz e sei que és tão minha que mesmo que não esteja aí para te amar e que fiques sozinha, bastará para ti a lembrança dos dias iluminados que passamos juntos! E ore...meu alimento, continuando essa carta que eu envio com uma vontade louca de parar no meio: "Minha vontade é a tua! E meu destino enredo no teu!...
És a minha esperança de crescimento espiritual! Teu desejo é o meu credo! Creio na tua força e no teu pensamento e, nem um só segundo e nem um só momento deixarei de seguir-te aonde quer que tu fores, seja a estrada coberta de espinhos ou flores. Serei outro, e te amarei com um amor infinito, sem razão nem lei. Tu serás o minha fonte eterna imortal, a quem entregarei minha alma e o meu amor! Creio na tua força e no teu pensamento! Faço dela um arrimo, e tenho nele o alento da única razão que dirige meus atos;- é a lógica fatal das coisas.
Tudo é novo e é belo, e tudo prende e atrai, de um simples botão que se abre a um pingo d'água que caí. Há em tudo uma alma nova! Há em tudo um novo encanto! Tantas vezes te ouvi! Muitas vezes, deitado, - eu rezava baixinho uma prece que fiz só para o meu carinho: com meus beijos de amor matarei tua fome; formarei com os meus braços o ninho amoroso onde terás na volta o almejado repouso; minhas mãos te darão o mais terno carinho e julgarás que é o vento a soprar de mansinho sussurrando canções a desmanchar de leve os teus cabelos! No meu peito, que a uma onda talvez se pareça, recostarei feliz, enfim, tua cabeça e nada, nenhum ruído há de te perturbar!
Meu próprio coração mais baixo há de pulsar...Quando o sol castigar as raízes, com o meu corpo farei a sombra que precises, e se o inverno chegar, ou se sentires frio, em mim hás de achar todo o calor do estio! Não te rias, - bem sei que te digo tolices, mas ah! se compreendesses tudo, ou se sentisses a alegria que sinto ao te falar assim, talvez não te risses, meu amor, de mim...Isto tudo, - é obra apenas da fatalidade,do acaso, do não entendido - quando o amor é uma doença e é uma febre a saudade."Tua oração é uma frase inteira de ternura, como uma renda fina, cuja textura trai a mão delicada e a alma de quem a fez. Ela é bem a expressão da mulher, que uma vez...(mas não, não recordemos estas coisas mais,- para o teu bem, deixemos o passado em paz se não o posso trazer num augúrio feliz para a prolongação de um sonho que eu desfiz...perdoa-me)
Tua oração é o reflexo da tua beleza, e há no seu ofertório a singela pureza desse amor que te empolga e te invade e domina! "Faz-me bem a tua oração, muito bem... Receio pelo amor infeliz que abrigaste em teu seio, e uma angústia mortal me oprime e me castiga de ter te feito sofrer perdoa-me, deixa que te confesse,
oh!
minha grande amada!
Não pensei... Não pensei que te afeiçoasses tanto, nem desejava ver a tristeza do pranto ensombrecer teus olhos... Quando eu parti, não compreendia bem por que ficaste triste nem quis acreditar no que estavas sentindo...Hoje, - hoje eu descubro que o teu sonho lindo era mais do que um sonho, - era mesmo, em verdade uma grande esperança de felicidade! Me perdoarás no entanto... ah! não fosses tão boa!
E eu insisto de joelhos a teus pés: - perdoa! Para que eu possa seguir...
Se eu soubesse, ou se ao menos eu adivinhasse o que não pude ver além de tua face e o que não soube ler velado em teu olhar quando estava ai, não teria deixado esse amor te ferir...Perdoa o involuntário mal que ,talvez , te causei!
A oração que fizeste, e há bem pouco guardei, um grande mal também causou-me sem querer:- é bem rude e bem triste a gente perceber que encontrou seu ideal, - o seu ideal mais belo,- e o destruir, tal como eu, que agora o desmantelo!
É doloroso a gente em mil anos sonhá-lo e inesperadamente ter que abandoná-lo!
Se algum amor eu quis, esse era igual ao teu que tudo me ofertou e nada recebeu; ingênuo e puro amor, simples, sem artifícios, capaz como bem dizes "de mil sacrifícios, e de mil concessões, chorando muito embora, só para ver feliz o ente que quer e adora! "E pensar que isso tudo que tu me ofereceste:
teu raro e imenso amor, teus beijos, tuas preces, a tua alma de criança ainda em primeiro anseio; e o teu corpo, tua boca, pronta para os contatos do amor; e dizer que isso tudo, isso tudo afinal que era o meu velho sonho e o meu maior ideal, abandono, desprezo, renuncio e largo com um gesto vil como este, indiferente e amargo de abandonar a vida. Sê feliz, minha amada ... eu me despeço aqui...Lamento o meu destino, porque te perdi e abençôo esta carta pelo que ela diz...Não chores, - porque eu sei que ainda serás feliz...E que as lágrimas de hoje, - enxuguem-se ao calor de um verdadeiro, eterno e imorredouro amor!
Sê feliz. Amanhã tudo isto será lenda ...E pede a Deus, por mim, que eu nunca me arrependa... te amerei por toda uma eternidade...Obrigado!!!!!!!
Autor: Elton Braiam

Um comentário:

Mário Margaride disse...

Querida amiga,

Agradeço a visita muito simpática ao meu "Canto poético".

Aqui estou: retribuindo essas visita. Muito bonito este teu espaço. E uma sentida, e muito bela, carta de amor.

Talves impossível. Mas quem sabe! Se um se tornará realidade.

Beijinho doce...

Mário